domingo, setembro 27

Desse turbilhão tamanho!

"Se desse turbilhão tamanho
Me tirou som doce e antigo,
Com felizes eco de antanho
Crenças infantis iludindo,
Maldigo hoje tudo o que enreda
A alma em falsa sedução
E com lisonja a cega e encerra
Neste antro de desolação.
Maldita seja a douta opinião
Em que a si próprio o espírito se enleia!
Maldita da aparência a ilusão
Que todos os sentidos incendeia!
Maldito o que no sonho é hipocrisia
Da glória o logro, e dos nomes afamados!
Maldita a posse, que nos lisonjeia,
De mulher, filhos, charrua, criados!
Maldito seja Mamon e o ouro
Com que nos leva ações desvairadas,
E nos entrega ao ócio duradouro,
Ajeitando-nos bem as almofadas!
Maldita do amor a bem-aventurança!
Maldita da uva a suma essência!
Maldita a fé e maldita a esperança!
E maldita mil vezes a paciência!"

Fausto, Gothe

terça-feira, setembro 1

Putrefação que caminha

"Oh! a carne, estrume vivo e sedutor, putrefação que caminha, que pensa, que fala, olha e sorri, onde os alimentos fermentam, e que é rósea, bela, tentadora, mentirosa como a alma"

Guy de Maupassant, Um caso de divórcio