quarta-feira, maio 28

O Futuro de uma ilusão

" É de esperar que essas classes subprivilegiadas invejem os privilégios das favorecidas e façam tudo o que podem para se liberarem de seu próprio excesso de privação. Onde isso não for possível, uma permanente parcela de descontentamento persistirá dentro da cultura interessada, o que pode conduzir a perigosas revoltas. Se, porém, uma cultura não foi além do ponto em que a satisfação de uma parte e de seus participantes depende da opressão da outra parte, parte esta talvez maior – e este é o caso em todas as culturas atuais –, é compreensível que as pessoas assim oprimidas desenvolvam uma intensa hostilidade para com uma cultura cuja existência elas tornam possível pelo seu trabalho, mas de cuja riqueza não possuem mais do que uma quota mínima. Em tais condições, não é de esperar uma internalização das proibições culturais entre as pessoas oprimidas. Pelo contrário, elas não estão preparadas para reconhecer essas proibições, têm a intenção de destruir a própria cultura e, se possível, até mesmo aniquilar os postulados em que se baseia. A hostilidade dessas classes para com civilização é tão evidente, que provocou a mais latente hostilidade dos estratos sociais mais passíveis de serem desprezados. Não é preciso dizer que uma civilização que deixa insatisfeito um número tão grande de seus participantes e os impulsiona à revolta, não tem nem merece a perspectiva de uma existência duradoura. "

O Futuro de uma ilusão, Freud

sexta-feira, maio 23

HOMO

Nenhum de vós ao certo me conhece,
Astros do espaço, ramos do arvoredo,
Nenhum adivinhou o meu segredo,
Nenhum interpretou a minha prece...

Ninguem sabe quem sou... e mais, parece
Que ha dez mil annos já, neste degredo,
Me vê passar o mar, vê-me o rochedo
E me contempla a aurora que alvorece...

Sou um parto da Terra monstruoso;
Do humus primitivo e tenebroso
Geração casual, sem pae nem mãe...

Mixto infeliz de trevas e de brilho,
Sou talvez Satanaz;--talvez um filho
Bastardo de Jehová;--talvez ninguem!

Antero de Quental

segunda-feira, maio 12

Feliz daquele ...

" Feliz daquele que descobriu a origem das coisas e pisoteou todos os medos, o destino inexorável e o inferno da avareza"

Virgilio

sexta-feira, maio 9

Nietzsche sobre a mulher...(a opinião é dele hein)

" A mulher feita quando ama, devora...Felizmente não estou disposto a deixar-me devorar. Ah! que predadorzinho perigoso, insinuante, subterrâneo! E apesar de tudo, tão agradável...Uma mulher que persegue sua vingança seria capaz de atropelar seu próprio destino. A mulher é indizivelmente mais má que o homem, e também mais inteligente; a bondade é nela uma forma de degenerescência...Como se cura uma mulher? Basta fazer-lhe um filho. A mulher necessita de filhos, o homem nunca é mais que um meio..."

Nietzsche, Ecco Homo

quinta-feira, maio 8

Medo do que não está claro

"Assim como as crianças têm medo de tudo no escuro, assim nós em plena luz, tememos coisas que não são mais de temer que aquelas que nas trevas apavoram as imaginações infantis"

(Lucrécio, A Natureza)