Amante da sabedoria é a tradução literal de "filósofo", que tem sua origem em filosofia, do Lat. philosophia ou do Gr. philosophía, "amor ao saber", segundo o dicionário on line Priberam. Esse blog foi criado com a finalidade de compartilhar com todos minhas viagens por livros, textos e ensaios filosóficos que de alguma forma me despertam para outras realidades...
sábado, setembro 29
Mozart assassinado e a estranha máquina de entortar homens
Voltei para o meu carro e pensava: essa gente quase não sofre seu destino. E o que me atormenta aqui não é a caridade. Não se trata de se comover sobre uma ferida eternamente aberta. Os que a levam não a sentem. É alguma coisa como a espécie humana, e não com o indivíduo, que está ferida, que está lesada. Não creio na piedade. O que me atormenta é o ponto de vista do jardineiro. O que me atormenta não é essa miséria na qual, afinal de contas, a gente se acomoda, como no ócio. Gerações de orientais vivem na sujeira e gostam de viver assim.
O que me atormenta, as sopas populares não remedeiam. O que me atormenta não são essas faces escavadas nem essas feiúras. É o Mozart assassinado, um pouco, em cada um desses homens
Só o Espírito, soprando sobre a argila, pode criar o homem. "
Antoine de Saint Exupéry, Terra dos Homens
Absurdos pequenos domingos
"Não compreendo mais essas populações dos trens de subúrbio, esses homens que pensam que são homens e que entretanto estão reduzidos, por uma pressão que eles mesmos não sentem, como formigas, ao uso que deles se faz. Como enchem eles, quando estão livres, seus absurdos pequenos domingos?"
Antoine de Saint Exupéry, Terra dos Homens
segunda-feira, setembro 24
Vivendo ao acaso
“Como é estreito o cenário em que se representa a peça dos ódios, das amizades, das alegrias humanas! De onde foram tirar os homens esse gosto de eternidade, vivendo ao acaso, como vivem, sobre uma larva ainda morna, já ameaçados pelas neves ou pelas areias do futuro? Suas civilizações são enfeites bem frágeis: um vulcão as apaga, ou um mar novo, ou um vento de areia...”
Antoine Saint Exupéry, Terra dos Homens
domingo, setembro 23
Omnis festinatio ex parte diaboli est
É evidente que as reformas orientadas para frente, isto é, por novos métodos ou gadgets, trazem melhorias imediatas, mas logo se tornam problemáticas e ainda por cima custam muito caro . Não aumentam em nada o bem-estar, o contentamento, a felicidade em seu conjunto. Na maioria das vezes são suavizações passageiras da existência, como por exemplo, os processos de economizar tempo, que infelizmente só lhe precipita o ritimo, deixando-nos assim, cada vez, menos tempo. "Omnis festinatio ex parte diaboli est" (toda pressa vem do diabo), costumavam dizer os antigos mestres."
Carl Jung - Sonhos, Memórias e Reflexões
sábado, setembro 22
Melhor ser vil do que por vil ser tido....
Quando se acusa a quem não é de o ser;
E um justo prazer morre, envilecido,
Não por nós, mas por quem assim quer ver.
Por que um olhar adulterado iria
Louvar-me o sangue de impulsivo tom,
Ou se sou fraco, algum mais fraco espia,
Vir dar por mau o que eu pretendo bom?
Não, sou o que sou; quem achar iníquos
Os meus abusos, fala pelos seus:
Posso ser reto, já que são oblíquos,
Não vê a mente espúria os feitos meus;
A menos que a sentençca seja vera,
De que todos são maus e o mau impera."
Shakespeare, Soneto 121
segunda-feira, setembro 17
Na prisão
“ Minha vista, quer seja aguda, quer seja fraca, não vê senão a certa distância. Vivo e ajo neste espaço, essa linha do horizonte é meu próximo destino, grande ou pequeno ao qual não posso escapar “
Nietzsche, Aurora, Na prisão
domingo, setembro 16
Papo furado
Sobre falar merda, Harrey G Frankfurt
quarta-feira, setembro 12
Porque tudo que eu gosto é imoral, ilegal ou engorda?
“ O homem livre é imoral, porque em todas as coisas quer depender de si mesmo e não de uma tradição estabelecida: em todos os estados primitivos da humanidade, mal é sinônimo de individual, livre, arbitrário, inabitual, imprevisto e imprevisível”
Nietzsche, Aurora, Conceito da moralidade dos costumes
quinta-feira, setembro 6
O último dos réprobos
“Quem ousaria, portanto, lançar um olhar no inferno das angústias morais, as mais amargas e mais inúteis, onde provavelmente definharam os homens mais fecundos de todos os tempos! Quem ousaria escutar os suspiros dos solitários e dos transviados: ah! Dêem-me ao menos a loucura, poderes divinos! Dêem-se delírios e convulsões, horas de claridade e de trevas repentinas, aterrorizem-me com arrepios e ardores que jamais mortal algum experimentou, cerquem-me de ruídos e de fantasmas! Deixem-me uivar, gemer e rastejar como um animal: contanto que adquira a fé em mim mesmo! A dúvida me devora, matei a lei, sou o último dos réprobos.”
Nietzsche, Aurora, Significação da loucura na história da humanidade.
terça-feira, setembro 4
Girinos otimistas
“(...) Ah, essa boa gente tão zelosa e saudável sempre me dá a impressão daqueles girinos otimistas que, confinados em uma poça de água de chuva, agitam alegremente a cauda ao sol, sem pensar que no dia seguinte a água rasa secará”
Carl Jung, Memórias, Sonhos e Reflexões