Abraços e bom fim de semana!
" Tudo o que diz respeito ao próximo me diz respeito igualmente;
qualquer acidente que lhe ocorra é uma advertência para qual atento.
Todos os dias e todas as horas dizemos de outrem o que mais justamente
poderíamos dizer de nós, se nos soubéssemos observar tão bem quanto aos outros"
Montaigne,
Ensaios, Da Afeição dos pais pelos filhos
Piracema
(Fabricio Carrijo)
Incessantemente move seu corpo
Nada contra a correnteza
Que se esforça para levá-lo rio abaixo.
Nada... mas tão forte é a corrente
Avança alguns metros
Logo é conduzido para traz
Torna-se estático... nada...
Olha ao redor
Muitos companheiros não estão mais lá
Uns não tiveram força para subir
Outros escolheram a inércia à luta
Nada... o peixe... nada...
Seu corpo está dolorido
Mas sua vontade parece indelével
Quanto mais avança
A solidão torna-se mais próxima.
Quão cômodo seria submeter-se
À força contra a qual nada.
Não há como lutar contra
O determinado pela natureza!
Quanto esforço poderia ser poupado
Ao deixar-se levar pela correnteza
A dor não haveria de existir
E a fadiga cederia ao descanso
Nada...o peixe... nada....
Todavia, e depois?
Passar sua existência conduzido.
Sem esforço, porém cativo
Pelo cárcere incolor
Das águas condutoras ao
Nada... o peixe... nada…
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