sexta-feira, setembro 30

Nada contra a correnteza

Abraços e bom fim de semana!

 " Tudo o que diz respeito ao próximo me diz respeito igualmente;

qualquer acidente que lhe ocorra é uma advertência para qual atento.

Todos os dias e todas as horas dizemos de outrem o que mais justamente

poderíamos dizer de nós, se nos soubéssemos observar tão bem quanto aos outros"

Montaigne,

Ensaios, Da Afeição dos pais pelos filhos


Piracema

(Fabricio Carrijo)

Incessantemente move seu corpo

Nada contra a correnteza

Que se esforça para levá-lo rio abaixo.

Nada... mas tão forte é a corrente

Avança alguns metros

Logo é conduzido para traz

Torna-se estático... nada...

Olha ao redor

Muitos companheiros não estão mais lá

Uns não tiveram força para subir

Outros escolheram a inércia à luta

Nada... o peixe... nada...

Seu corpo está dolorido

Mas sua vontade parece indelével

Quanto mais avança

A solidão torna-se mais próxima.

Quão cômodo seria submeter-se

À força contra a qual nada.

Não há como lutar contra

O determinado pela natureza!

Quanto esforço poderia ser poupado

Ao deixar-se levar pela correnteza

A dor não haveria de existir

E a fadiga cederia ao descanso

Nada...o peixe... nada....

Todavia, e depois?

Passar sua existência conduzido.

Sem esforço, porém cativo

Pelo cárcere incolor

Das águas condutoras ao

Nada... o peixe... nada…



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