“ Minhas ações são reguladas, e conformes com o que eu sou e com a minha condição. Não posso fazer mais; e nas coisas que não estão em nossas forças, não tem lugar o arrependimento, mas sim o pesar. Imagino Inúmeras naturezas mais ordenadas que a minha, e contudo não melhoro minhas faculdades: como nem o meu braço nem o meu espírito se tornam mais vigorosos por eu conceber outros tais que o sejam. Se o imaginar e o desejar um procedimento mais nobre que o nosso produzissem o arrependimento do nosso, teríamos que nos arrepender de nossas ações mais inocentes: porquanto julgamos, decerto, que a natureza mais excelente as teria praticado com maior perfeição e dignidade; e desejaríamos fazer outro tanto.”
Montaigne, Do Arrependimento