quinta-feira, dezembro 3

A liberdade do sátiro !

“Atrás, o sátiro saltitando
Com o pé de cabra, perna esticando,
Fina e nervosa se mostrando
Com a camurça, no monte à solta,
Ele diverte-se, olhando em volta.
Ébrio de ar livre, de penha em penha,
Homem, mulher, menino desdenha
Que lá no fundo do vale morto
Julgam ser vida o seu conforto:
Mas só a ele, puro, intocado,
Pertence o mundo lá no alto.”


Goethe, Fausto










Tu tremes com medo do que nunca virá

Antes, em vôo ousado, a imaginação

Subia até aos céus, plena de alento:

Hoje basta um espaço para a ilusão

Se afundar nos abismos do tempo.

Logo o cuidado se aninha bem dentro

Do peito e traz secreto sofrimento;

Balança inquieto, estorva prazer e paz,

São sempre novas as máscaras que traz:

É casa e bens, mulher e filhos que tiverdes,

Água, fogo, punhal, veneno, eu sei lá;

E tu tremes com medo do que nunca virá,

E choras sem cessar aquilo que não perdes.”




Gothe, Fausto